quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Falta-me Pablo Aimar

Dantes tínhamos esperança, depois ficámos confiantes. Às tantas, tínhamos até a certeza na vitória. Porém, o céu decidiu cair-nos em cima. A tudo isso, reagimos com lágrimas de inconformismo, mas também com a dignidade de quem sabe perder e o orgulho de quem reconhece aos seus jogadores o esforço e a dedicação de verdadeiros vencedores. Fomos cavalheiros no meio dos destroços.

No fim, chegámos ao Jamor vestidos a rigor e cheios de Benfiquismo. Bigodes, bonés e bandeiras para fazer a festa. E a festa não era ganhar. A festa era ser do Benfica e estar ali. Mas não podia ter acabado assim. Nós não merecíamos a inglória de uma equipa que desiste. Sobretudo, não merecíamos que esse final fosse o princípio do fim de uma era. Uma bonita era que não obteve resultados condizentes na forma de taças. Mas uma era que acreditei ser de renascimento, de regresso à condição que, ao longo de mais de um século, foi sendo construída e legitimada.

Compreendo hoje que essa era acabou, que não regressámos a sítio algum. E não acabou no desvio do Sami nem tão pouco no empurrão do Cardozo. Acabou no princípio do meu desalento quando, incrédulo, vi o Vitória fazer um-igual. Faltou-me então a voz, a força nas pernas, o discernimento e uns míseros 12 minutos de Pablo Aimar com a minha camisola. O futuro próximo estava escrito: havia um vazio à minha frente.

Quando a lista de convocados é publicada ou, mais tarde, o onze inicial é anunciado, eu olho e não encontro o que procuro. Se são a fé e a paixão quem me move, é, do mesmo modo, a esperança quem me alumia. E essa eu não encontro. Os jogadores estão lá e eu sei que são bons. Merecem o meu respeito e não esqueço o que fizeram por mim. Mas não me inspiram e eu não se conseguirei inspirá-los como devia. E isto de fazer-me de vítima faz-me sentir culpado, porque o Benfica parte de mim, sou eu e os milhares que lá estão quem carrega e carregará - e tem de carregar sempre - o Benfica ao colo. Mas faltam-me forças.

O Benfica é o meu espaço irracional, puro, exclusivamente emotivo, romântico, poético e trágico. E é no Benfica que encontro os meus ídolos. Mas eles não estão lá. Não me funesmorem, pá, eu quero um ídolo, porra!

1 comentário:

Fehér 29 disse...

Dói, né?! Mas os 83% estão felizes por nadarem na merda ...