terça-feira, 9 de julho de 2013

Breve comunicação estival

A silly season inibe-me a escrita. Presumo que tal se deva à minha própria vaidade: mal me sinto lido por mais de dez pessoas, considero de imediato que devo escrever somente se tiver qualquer coisa importante para dizer. Muito provavelmente estou errado. A história encarregar-se-á de me dar razão. Nem que seja confirmando que estou errado, como ainda agora previ.

Durante estas últimas semanas, o Benfica tem-me feito falta, muita falta. Dei por mim a ocupar a mente - para entreter o coração - simulando paixões de Verão com equipas exóticas: primeiro, numa competição muito criativa chamada "taça das confederações", adoptei uma peculiar criação de Deus chamada Tahiti. Se olharmos para um planisfério em busca do Tahiti, possuindo uma noção vaga da região onde se situa, veremos uma imensa mancha azul chamada Pacífico. Algures lá para o meio existirão, ora mais para um lado, ora mais para outro, umas nódoas pequeninas que tanto podem ser as Fiji, Samoa, as Desventuradas, sujidade de mosca, Tuvalu ou o Tahiti. E eles, no Tahiti, jogam à bola: foram campeões da Oceania vencendo, na final, a Nova Caledónia. Que se situa na Melanésia... enfim, o melhor é procurar.

A participação do Tahiti na tal taça das confederações trouxe uma série de benefícios à competição. Um deles, porventura o maior de todos, terá sido prender-me a atenção. Depois de ter visto os jogos do Tahiti, entusiasmei-me e fui sempre puxando pelo mais fraco - só ganhei na final. Ainda assim, o momento mais entusiasmante da competição aconteceu logo na primeira jornada, com aquele golo à Nigéria. Aproveito, já agora, para dizer que há um avançado da Nigéria que talvez não tivesse lugar no onze inicial do Tahiti. Não sei como se chama - mas devia ter tomado nota, só por precaução (desde que li a revelação do Fernando Guerra acerca do Martin Pringle redobrei as minhas cautelas).

Depois disso, entre jogos do Majlby e do Malmöe, do Lodz e do Wisla Cracóvia, fui derivando, derivando, até que aportei numa equipa chamada Portugal numa competição chamada Mundial de sub-20. Ao nível do exotismo, é equipa para bater o pé ao Tahiti; em termos de futebol, joga melhor. Substancialmente melhor. E foi graças a esta equipa que descobri em mim muito mais de português do que de tahitiano: enquanto com o Tahiti senti o fervor tanto na hora da derrota, ainda que pesada, como na hora da derrota, quando esta foi ainda mais pesada, no caso de Portugal encontrei felicidade em cada uma das duas vitórias e uma substancial indiferença no momento da derrota. Não creio que exista maneira de ser mais português.

Entretanto, vou tentando arranjar maneiras de gastar o tempo até que chegue o dia 19, data em que a minha reserva do Redpass se torne efectiva. O campeonato da Lituânia, as sardinhas assadas e o Planalto bem fresco no Páteo 13 vão ajudando.