quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Horroderick, Joaquim e parabéns meu Benfica

Não, falhar um penalty não é o fim do mundo. Já falhar em praticamente todos os aspectos relacionados com o jogo de futebol parece-me ser um mau princípio quando o indivíduo em questão pretende ser, precisamente, jogador de futebol. O meu talento para reconhecer talentos e analisar potenciais é sobejamente reconhecido e, por isso, por tudo aquilo que penso do Roderick neste preciso momento - e desde há mais de um ano -, é bem possível que a história acabe por me desdizer e o rapaz venha a ganhar uma Bola de Ouro ao serviço do Bayern Munique. Porém, não creio. Acho que desta vez não me engano.

Mas hoje é dia de festa e não estou aqui para apontar a dedo os culpados pela eliminação da Taça da Liga - embora me pareça que o insucesso e a utilização de Carlos Martins, por exemplo, são fenómenos que coincidem muitas vezes sobre o mesmo tapete verde. Há 109 anos, numa farmácia em Belém, um grupo de rapazes bem-aventurados fundou o Benfica. Quero dizer, na verdade, Cosme Damião e seus pares fundaram o Grupo Sport Lisboa que, anos mais tarde, juntando-se ao Clube de Benfica, viria a formar o Glorioso Sport Lisboa e Benfica. As opiniões dividem-se em relação à data de fundação: devemos considerar esta, a do nascimento do Sport Lisboa, ou a outra, da fusão dos dois clubes? Quanto a mim, a questão é pouco pertinente, eu gosto é de festa, e era capaz de festejar aniversários do Benfica uma vez por mês, se fosse preciso. Porque o Benfica merece fazer anos sempre que lhe apetecer.

Quando penso no Benfica, na sua origem, nos seus 109 anos de história, nas suas conquistas e nas suas derrotas, nas suas dificuldades e no seu poder, na sua grandeza e na sua origem humilde, nas suas figuras carismáticas, no Estádio que já teve e neste que hoje tem, penso «Deus podia perfeitamente ser do Benfica». Eu, pelo menos, se fosse Deus, claramente seria do Benfica. É o Clube mais divino à face da Terra e o facto de ser terreno está, com certeza, relacionado com uma necessidade muito simples: permitir que compita com outras equipas. De resto, a sua natureza é severamente divina, não tenho dúvidas.

Quem nunca, por mais divindades que se unam em prece, foi, é ou poderá algum dia vir a ser do Benfica é o Quim. Para já, é batoteiro, mete-se a defender os penalties lá à frente. Quando os jogadores do Benfica chutavam, já estava ele a fazer a mancha na linha da pequena área, praticamente. Fora isso, é uma pessoa cheia de ressentimentos, com pouca nobreza. Talvez seja essa a razão que o impediu sempre de ser bem-amado e aclamado na Luz, mesmo quando mostrou ser um bom guarda-redes, com elasticidade, reflexos e valentia. Porém, esses atributos exibidos foram recorrentemente ofuscados pelas birras com o Clube, pelos gestos para os adeptos, pelas iniciativas de queimar tempo de jogos de um a zero aos cinquenta e dois minutos. Foi esse seu lado mesquinho que o levou de volta ao seu sítio ideal, onde todas as semanas é um dos três melhores guarda-redes da equipa.

Contudo, o magnânimo Benfica, ainda mais em dia de aniversário, deve estar grato ao Quim. Eu estou: pelo que fez enquanto defendeu as nossas redes e também pelo que fez ontem, defendendo as redes dele e retirando-nos a rede de segurança que tem feito de placebo para uma equipa que não ganha um campeonato há 3 anos e uma Taça de Portugal há 9 - agora, não há nada a fazer, temos mesmo de ganhar pelo menos um desses troféus.

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